Passeios a pé

Foto: ShutterStock

Com um clima agradável ao longo de todo o ano, passear a pé por Portugal é uma das melhores formas de descobrir cantos e recantos que de outro modo nunca chegaríamos a conhecer.

Pelas ruas de cidades e vilas, através dos campos ou à beira mar, os passeios podem ter pontos de partida e de destino bem definidos, ou desenvolverem-se simplesmente ao sabor da vontade, pelo prazer de andar e de observar o que se encontra pelo caminho.

Para orientação podemos usar mapas ou então seguir as marcas deixadas no terreno pela passagem daqueles que os percorreram antes.

Pico Mountain trail - Turismo dos Açores/Veraçor
Photo: Ilha do Pico (Açores) ©Veraçor

Mas também há percursos sinalizados no terreno, com itinerários certificados e bem definidos que oferecem segurança a todos os que os queiram seguir. Estes são homologados pela Federação de Campismo e Montanhismo, a entidade com competência para tal. De acordo com a sua extensão são classificados de Grandes Rotas, Pequenas Rotas ou Percursos Locais. As Grandes Rotas (GR) têm sempre mais de 30 quilómetros e algumas estendem-se mesmo por outros países, são transeuropeias, como o Caminho do Atlântico (GR–E9) que tem início em São Petersburgo na Rússia e atravessa toda a Europa. Com extensão inferior a 30 quilómetros, as Pequenas Rotas são normalmente definidas na área de um concelho e os percursos locais abrangem distâncias mais reduzidas. Caminhar é assim uma atividade ao alcance de qualquer um, que apenas precisa de seguir os sinais no terreno para não se perder.

Walking - ARPT Centro de Portugal
Photo: ©Turismo Centro de Portugal

Para maior segurança podemos levar outros meios de orientação, como os mapas detalhados do terreno a grandes escalas, que são produzidos pelo Instituto Geográfico Português. Ou a tradicional bússola e outras aplicações disponíveis num telemóvel, bem como guias e roteiros com informações que complementem aquilo que se observa. Podemos aliar a caminhada à busca de pequenos “tesouros” praticando geocaching com o auxílio indispensável do GPS. Fundamental para todos é o tipo de roupa e calçado que devem ser confortáveis e adequados ao clima e ao terreno. E como nem sempre se pode contar com estabelecimentos que sirvam bebidas e refeições, convém levar água e alguns alimentos.

Pico do Areeiro - DRT Madeira
Photo: Pico do Areeiro (Madeira) ©DRT Madeira

Existe ainda a possibilidade de participar numa atividade organizada por uma empresa, seguindo percursos guiados por profissionais especializados, que já exploraram o terreno. Deste modo são eles que marcam o ritmo e orientam o caminho, chamando a atenção para os pontos de interesse e detalhes que cada etapa esconde. As propostas são muito variadas e permitem usufruir em pleno do passeio sem nos preocuparmos com os aspetos práticos, bem como de distribuir melhor o esforço ao longo da caminhada. Assim, quando chegarmos ao fim da jornada, teremos mais vontade de apreciar a excelente gastronomia de cada região e o conforto de uma unidade de turismo rural.

Mais informações em:
www.portuguesetrails.com

Caminhar é uma atividade relaxante e agradável, que se pode combinar com a observação de grandes paisagens ou dos detalhes da natureza, da fauna e flora à geologia. Ou apreciar o património, a arquitetura típica de cada região e as atividades tradicionais.

Em muitos casos, os próprios caminhos são também património, já que alguns seguem as antigas vias romanas, onde ainda é possível apreciar os marcos miliários, muitos deles bem conservados. Outros são as estradas medievais usadas pelos primeiros reis na reconquista cristã, ou os caminhos percorridos pelos peregrinos com destino a Santiago de Compostela, e que ainda hoje são seguidos por muitos num misto de descoberta do território e de si próprios.

Monsanto - ARPT Centro de Portugal
Photo: Monsanto ©ARPT Centro de Portugal

Seja qual for o propósito escolhido, nada como deixar as estradas principais e seguir por veredas e caminhos de terra, os ”caminhos de pé posto“ abertos pelas gentes do campo que conhecem bem a região e o terreno que pisam. São percursos com uma utilidade prática servindo por exemplo para guiar o gado até às pastagens, e que atravessam ravinas, rodeiam matagais ou encostas acidentadas, levando-nos por vezes a lugares absolutamente deslumbrantes. Também podemos seguir por antigas linhas férreas que já não são utilizadas pelos comboios e foram transformadas em ecopistas com excelentes condições para a prática desportiva.

Photo: ©Rota Vicentina

A norte, os passeios a pé privilegiam as áreas protegidas como o Parque Nacional da Peneda-Gerês, ou os Parques Naturais do Montesinho e do Alvão e o Geoparque de Arouca, levando-nos à descoberta de povoações comunitárias e saberes tradicionais. Ou a conhecer o património, como a Rota do Românico ou os Caminhos de Santiago.

No Centro de Portugal, a imponência das serras marca a paisagem. As Serras da Estrela, da Lousã ou do Caramulo oferecem inúmeras possibilidades de percursos de descoberta da natureza. Mas também das suas gentes e das suas aldeias, como o conjunto das Aldeias Históricas, das Aldeias do Xisto ou do território preservado da Naturtejo. Alguns seguem cursos de água, por vezes mesmo até às suas nascentes em grutas nas profundezas da terra, como por exemplo nas Serras de Aire e Candeeiros.

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Photo: Fraga de São Simão (Aldeias do Xisto) ©Centro de Portugal

Mais a sul no Alentejo há passeios para todos os gostos por montes e planícies, através de searas ou de tapetes de flores. Mas há também um património importante para descobrir – dos castelos às ermidas isoladas, ou até aos testemunhos arqueológicos de um passado distante, com dolmens e menires.

No interior do Algarve, a Via Algarviana atravessa a região de leste a oeste, mostrando os seus aspetos menos conhecidos, ainda muito ligados a um modo de vida rural.

Já na Ilha da Madeira há uma rede de percursos que seguem as levadas, os canais construídos pelo Homem para irrigar as terras, e nos Açores são inúmeros os trilhos que percorrem o interior das ilhas em redor de lagoas e furnas, mergulhando na natureza em estado puro.

Com uma longa linha de costa, Portugal possui muitos trilhos para passeios a pé com vista sobre o mar. Oferecem panoramas esplêndidos, por vezes tão vertiginosos e imponentes que cortam a respiração e ainda têm como atrativo suplementar os aromas e a frescura que se desprendem do oceano.

Photo: ©Rota Vicentina

Alguns estão marcados no terreno como a Rota Vicentina, que se estende por quilómetros entre o Alentejo e o Algarve. Entre Porto Covo e Odeceixe possui um trilho que segue por caminhos de acesso a praias e pesqueiros mesmo à beira-mar, e um outro percurso mais longo que se desenrola um pouco mais pelo interior entre Santiago do Cacém e o Cabo de São Vicente em Sagres.

Mais a norte, no Parque Natural da Arrábida, podemos seguir uma rede de percursos que nos permitem desfrutar de paisagens em que os tons de verde da serra se harmonizam com todos os azuis do oceano em imagens de uma beleza inesquecível. Aqui encontram-se verdadeiros santuários naturais, alguns de preservação integral em que as visitas estão interditas e outros que apenas se podem conhecer com um guia especializado.

Photo: Serra da Arrábida ©Arquivo Turismo de Portugal

Do outro lado do rio Tejo, a Serra de Sintra é mais um lugar a não perder pela sua natureza preservada que a UNESCO classificou como paisagem cultural e onde para além da vegetação luxuriante os inúmeros palácios e quintas são pontos obrigatórios de visita. Das alturas, as perspetivas sobre o mar são deslumbrantes, mas descendo a serra, há que experimentar o percurso ao longo da estrada marginal que passa pelo Guincho e pelas praias de Sintra para apreciar a ondulação marinha de mais perto.

No Centro de Portugal há inúmeros trilhos que podemos seguir inspirando a brisa do mar. Pela costa oeste perto das Praias de São Pedro de Moel e do Pedrógão, junto ao areal imenso da Figueira da Foz, ou em Ílhavo entre a Ria e o Mar as possibilidades são inúmeras.

Ecovia Miramar - VN Gaia _ Paulo Magalhães
Photo: Ecovia de Miramar (Vila Nova de Gaia) ©Paulo Magalhães

Mais a norte, longos percursos ladeiam as praias em Espinho, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Esposende ou Caminha, que são excelentes opções para quem gosta de caminhar com o mar por companhia.

Na Madeira, há trilhos para todos os gostos, mas podemos destacar os da Ilha de Porto Santo ao longo do seu areal de nove quilómetros, ou os que sobem aos picos mais altos para desfrutar das vistas majestosas. Nos Açores também temos sempre o mar no horizonte, mas para nos aproximarmos ainda mais, há que seguir os percursos que nos levam às fajãs, pedaços de terra que se estenderam pelo Atlântico e testemunham a origem vulcânica destas ilhas.