João Hasselberg | Idanha-a-Nova
João Hasselberg tem uma ligação especial com Idanha-a-Nova, região que descobriu e explorou durante uma residência artística no Centro Cultural Raiano. A música tem acompanhado a sua vida: desde a vasta coleção de discos em casa dos pais até aos dias de hoje, em que pisa palcos por todo o mundo.
«O nosso interior é feito de harmonias mas também de desafinos, que nunca deixam de nos ensinar a aproveitar os sons que a vida nos dá. No meu interior guardo muitos lugares, por onde fui deixando um pouco de mim mas também tirando um pouco deles, para que nunca me esqueça e não se esqueçam os laços que formámos e o que partilhámos. Estes são os lugares que compõem a minha sinfonia, que fazem parte do meu interior.»
@_jessica_reis_
Em Idanha há vários locais icónicos, como a aldeia história de Monsanto, Penha Garcia, rica em vestígios pré-históricos e romanos, e ainda a florida Aldeia de Santa Margarida, com as casas de construção granítica. Que passeio não podemos perder quando estivermos na região?
Felizmente o que não falta neste concelho são pontos de interesse que aconselho a todos aqueles que por lá passam, desde a arquitetura da aldeia de Idanha-a-Velha, fundada pelos Romanos no séc. I a.C., aos trilhos pela linda Penha Garcia, com vistas de cortar a respiração, como aquela que podemos ver do Castelo Templário, no cimo de uma encosta. E claro, não pode faltar a subida ao topo do castelo de Monsanto, com um (ou dois) copos de Hidromel, e ficar em silêncio a contemplar o horizonte.
©David Cachopo/Gerador
Idanha-a-Nova é um município repleto de espaços verdes e percursos para apreciar a natureza. Qual é para ti a paisagem imperdível nesta zona?
Sem dúvida alguns dos espaços mais bonitos estão contemplados na Rota dos Fósseis, em Penha Garcia. Faz parte da Rede Mundial de Geoparques da UNESCO, devido à sua riqueza em vestígios de como foi a vida naquele lugar há mais de 480 milhões de anos, o que é fascinante. Mas, na verdade, qualquer passeio que se faça na região acaba por ser impactante.
@_jessica_reis_
As iguarias gastronómicas de Idanha-a-Nova não deixam ninguém indiferente. Na tua opinião, quais são aquelas que não se pode deixar de provar?
Eu não sou fã de Cabrito, mas em Idanha-a-Nova o Cabrito assado no forno é inacreditável. Este é um daqueles pratos que a receita passa de geração em geração. E é incrível como se consegue perceber, pelo sabor, logo na primeira garfada, toda a história que carrega. Aconselho vivamente que numa visita à região se dedique uma das refeições a esta iguaria.
©David Cachopo/Gerador
No âmbito da estratégia do Município como Cidade Criativa da Música da UNESCO, da tua residência artística no Centro Cultural Raiano resultou o disco “The Great Square of Pegasus”. De que forma é que Idanha te inspirou?
Ao longo dos últimos 10 anos fui tocando bastante em Idanha-a-Nova, sobretudo no contexto do programa Cidade Criativa da Música. Foi, na verdade, por causa desse contacto com a cidade, que surgiu a oportunidade de fazer a Residência no Centro Cultural Raiano. A energia desta região é muito fértil, pelo silêncio e espaço por preencher que impulsiona, no meu caso, a criação. Relembra-me, também, o Alentejo onde cresci. Estar num local que nos permite ouvir, onde não há ruídos da cidade ou euforias, abre-nos bastante espaço para outro tipo de criatividade.
E, dessa mesma experiência, num município tão rico como Idanha-a-Nova, que memórias trazes contigo?
Acima de tudo, uma disponibilidade e amor incríveis por parte de todas as pessoas envolvidas no projeto. Músicos, o pessoal do Centro Cultural Raiano e os locais que nos receberam de braços abertos, tão calorosamente, e com os quais tive a sorte de me cruzar.
@_jessica_reis_
A fotógrafa Jéssica Reis acompanhou o João Hasselberg nesta viagem pelo interior de Portugal, em particular por Idanha-a-Nova.
"Viagens no Meu Interior" é uma iniciativa do Visitportugal e da plataforma de comunicação Gerador. Convidámos artistas portugueses a expressarem-se sobre o seu interior, sobre o interior de Portugal. Damos a conhecer regiões talvez pouco conhecidas, numa viagem de descoberta e de partilha de lugares que eles conhecem melhor do que ninguém e que tiveram um significado particular na sua vida.